Área de Estudo


A Bacia do Rio Tejo situa-se na Micro-Região do Alto Juruá, Município de Cruzeiro do Sul, Estado do Acre, a cerca de 90 graus de Latitude Sul e 720 graus de Longitude Oeste, totalizando aproximadamente 4.200 km2. Sua proximidade da fronteira com o Peru, as dificuldades sazonais de acesso à área e sua posição na rede hidrográfica entre a margem direita do Juruá e o interflúvio da Bacia do Rio Jordão, conferem à região uma situação geográfica diferenciada, que sempre traduziu um relativo isolamento.

Dentro da região tropical úmida, a Bacia do Rio Tejo é caracterizada pela presença de uma cobertura florestal densa que contribui para manter sombreado e úmido o solo subjacente. Todavia seus processos pedogenéticos são bem particulares em relação ao restante da Amazônia, pois ocorrem solos do tipo Cambissolo eutrófico e Podzólico eutrófico, além de manchas formadas por Brunizem avermelhado e até Vertissolos, que apresentam um potencial em oferta de cátions trocáveis bastante elevado para as condições de floresta pluvial (BRASIL 1976; BRASIL 1977).

O relevo muito dissecado e colinoso, o pouco espaço ocupado pelos interflúvios, resultado da instalação de uma rede hidrográfica com padrão dendrítico denso e a reciclagem de elementos pela floresta são fatores que contribuem para a manutenção de características juvenis de alta fertilidade encontradas nos meios edáficos regionais.

Os ritmos ecológicos são muito marcados pelas chuvas que apresentam um mínimo de inverno e um total anual elevado em torno de 2.200 mm. As temperaturas médias também decrescem entre junho e agosto e as médias anuais são relativamente baixas em termos de Amazônia, se situando abaixo de 250 C durante todo o ano.

Acompanhando a tendência observada para o restante do Estado do Acre (FUNTAC 1990), a cobertura vegetal da Bacia do Rio Tejo permanece bastante preservada, apesar do grande número de caminhos, trilhas e colocações de seringueiros no interior da floresta. Contrariamente ao que foi observado para a cobertura vegetal, no tocante à fauna a situação é bastante delicada, pois a constante pressão exercida pela atividade de caça, principal fonte de proteína animal dos seringueiros, praticamente erradicou algumas espécies antes ali abundantes. Neste sentido, os recursos cinegéticos, ao lado da ocorrência da seringa e da disponibilidade de recursos hídricos, são os principais fatores limitantes para a instalação das colocações.

O processo de ocupação da área foi intensificado no fim do século passado, auge do ciclo da borracha, por correntes migratórias originárias em grande parte da Região Nordeste. Em 1989, a população estimada em 4.000 habitantes, apresentava-se distribuída principalmente ao longo dos cursos de água, baseando sua subsistência no extrativismo vegetal e animal.

Novas formas de organização social têm surgido, como é o caso da Associação de Seringueiros da Bacia do Rio Tejo, minimizando a figura do intermediário na comercialização do látex, mas apesar disto, os habitantes locais ainda enfrentam muitos problemas, tais como a ausência quase completa de recursos nas áreas de educação, saneamento básico, saúde e extensão rural, dependendo em grande parte do centro comercial de Cruzeiro do Sul.