Conclusão


A regularização da situação das famílias já existentes na área, com relação à posse das terras, seria de extrema importância, uma vez que metade da área envolvida na criação da Reserva Extrativista do Alto Juruá é reclamada por grupos privados.

Ao nível dos seringueiros é preciso aproveitar a dinâmica social positiva ali existente para a implantação de projetos de desenvolvimento regional, já que a grande maioria apóia as novas formas de organização social a partir da Associação dos Seringueiros da Bacia do Rio Tejo que aos poucos está modificando a situação dos habitantes da área.

Estima-se que na região do Alto Juruá existam cerca de 10.000 habitantes, sendo a sua maioria índios e seringueiros. Para que haja um desenvolvimento ordenado, deveriam ser estabelecidos planos de controle e manejo sustentado da floresta que assegurem, além da exploração estável dos seringais (atividade econômica predominante nesta área), a sobrevivência da fauna local, que vive sob constante pressão ecológica. Torna-se necessária a produção de alternativas alimentares a esta população que, devido à precariedade da pecuária local, faz da caça sua maior fonte de proteínas.

Este trabalho apresentou os resultados para alguns aspectos sócio-econômicos do seringueiro da Bacia do Rio Tejo. A área estudada atualmente tem o "status" de Reserva Extrativista, o que não garante o seu sucesso como tal e também não resolve os problemas da população local. Através do banco de dados informatizados, constituíão a partir da análise das imagens de satélite e dos levantamentos de campo, será possível o monitoramento e comparação da situação atual com possíveis cenários futuros nesta área.

Com a implantação de novos projetos de asfaltamento e construção de estradas de rodagem, espera-se o aumento, a aceleração e diversificação das formas de ocupação da região oeste do Estado do Acre. Se a implantação da ligação rodoviária entre Rio Branco e o Oceano Pacífico incluir o asfaltamento da BR-364, a dinâmica de desenvolvimento e expansão da fronteira agrícola representará uma ameaça real de ocupação desordenada, conflitiva e de grande impacto ambiental, inclusive para a Região do Alto Juruá.

Para tentar minimizar estes impactos, o governo federal delimitou a Reserva Extrativista do Alto Juruá que representa apenas um primeiro passo para a manutenção da atividade silvícola da população local. A regularização da situação fundiária das famílias já existentes na área, o incentivo a novas formas de produção agropecuária, que produzam alternativas alimentares a esta população e a melhoria das condições de vida através de programas de pesquisa e desenvolvimento regional são caminhos possíveis a ser desenvolvidos junto com os povos da floresta.